quinta-feira, 11 de setembro de 2014

MARINA: MAIS NEOLIBERAL QUE AÉCIO

Autonomia se diferencia de independência (Dieese,2005). Enquanto a independência daria ao BC a possibilidade de implantar políticas monetárias sem discussão prévia com nenhuma esfera de poder, a autonomia significaria, por exemplo, possuir mandatos estáveis para sua diretoria, sem que o dirigente possa ser demitido a qualquer momento – a não ser em circunstâncias extraordinárias. O programa de governo de Marina é extremo na questão: expressa tanto à necessidade de um BC autônomo, quanto independente (p. 46). Em seu discurso, Marina fala que um “BC independente significa que nenhum político corrupto vai usar o sistema bancário a seu favor”. Na verdade, é o contrário. Aqui no mundo real, os bancos mandam nos políticos através dos financiamentos de campanha, e isso é a maior fonte de corrupção do Brasil. O que Marina planeja é “entregar diretamente o poder nas mãos dos banqueiros e acabar com intermediários. Ou seja, em vez de receber o dinheiro da corrupção das mãos dos políticos, os empresários do sistema financeiro poderão se servir diretamente da fonte dos recursos públicos. Se eu fosse banqueiro, iria adorar essa ideia" (José Vieira). Já o programa de governo de Dilma defende a autonomia operacional do Banco Central e argumenta que a economia precisa ser dirigida por aqueles que são eleitos. Afirma também que o BC já tem autonomia operacional. Com a sombra da bilionária banqueira Neca Setúbal do Itaú manipulando, e ainda com um programa de governo difuso, teórico, incoerente e cheio de erratas; Marina consegue ser mais neoliberal que Aécio, com este extremismo econômico que beneficia, legaliza e institucionaliza a corrupção financiada nas campanhas eleitorais pelos bancos. Afinal de contas, elegemos governos para nos representarem com políticas econômicas de interesse de toda a população, vivemos em uma democracia representativa. Com Marina, ganham os banqueiros e os investidores internacionais, perde o resto da população e a democracia para uma medida oportunista e interesseira, com argumentos incoerentes e hipócritas diante da necessidade primária e estrutural de reforma política.

OS AVIÕES E A POLÍTICA

Em um "11 de setembro" dois aviões atingiram as torres gêmeas, entretanto, constantemente os EUA invadem soberania de outros países para levar a "democracia" e a "ordem" (e trazer petróleo). Um avião quase derrubou Bill Clinton. Bom, Monica Lewinsky estava mais para um teco-teco... mas tudo bem. Já no Brasil, FHC, histórico puxa-saco do Clinton, adorava um avião, tanto que seu apelido era Viajando Henrique Cardoso. Aécio não ficou para trás e construiu um aeroporto no sítio da família com nosso dinheiro, agora o tucano voa tão baixo nas eleições que já pode pousar em Cláudio mesmo. Os Mamonas não morreram em vão naquele acidente aéreo, foram citados em um selfie com o Malafaia (cado eleitoral de Marina) dentro de outro avião com os seguintes dizeres: "abra sua mente, gay também é gente". Campos voou, caiu, nos deixou e lá do além mandou 2,5 milhões para campanha de Marina. Só esqueceu de mandar o nome do proprietário do avião comprado com dinheiro sujo. Já Marina, coitada, muito sem sal. Não se pode chamar a coitada de avião. Talvez um balão desgovernado, confuso, sem rumo e indo para onde vento sopra. O que posso concluir é que Santos Dumont é o maior cabo eleitoral do Brasil, maior até que Lula.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

MARINA: A TERCEIRA VIA BRASILEIRA

A terceira via ao estado de bem-estar social e ao neoliberalismo surgiu na Europa, tentou reconciliar direita e esquerda, com políticas econômicas ortodoxas e políticas sociais progressistas. Na década de 1990, a terceira via ganhou espaço com Blair na Inglaterra e Clinton nos EUA. Entretanto, já no início dos anos 2000 perdeu espaço nos EUA e na Inglaterra quando Blair sofreu forte pressão da mídia e da opinião pública. A terceira via foi arrasada nas urnas. Ressalto que a meu ver, a decadência se explica: a terceira via foi o desespero diante da ineficácia do neoliberalismo para atingir seus objetivos e a ineficiência do Welfare State quanto à organização da economia e recursos. É necessário saber que eficácia e eficiência são conceitos que saíram dos modelos de gestão privada (das empresas) e foram adotados ao novo modelo de gestão pública da década de 1990. Este modelo gerencial da gestão pública fazia parte da reforma do Estado que foi o norte da terceira via. Ao tratar do Brasil, primeiro deixo claro que não considero o governo FHC como precursor da terceira via no Brasil, mas instaurador-mor do neoliberalismo no país. Já as propostas da terceira via europeia eram vagas e imprecisas (qualquer semelhança com Marina não é mera coincidência). Também houve um abismo entre discurso e a prática, principalmente no que se refere à participação popular e a falta de coerência (qualquer semelhança com Marina não é mera coincidência). Giddens (p.30) afirmava naquela época que “uma minoria considerável já não vota e está essencialmente fora do processo político. O partido que mais cresceu ao longo dos últimos anos não é parte da política em absoluto: o ‘não-partido dos não-votantes”. A conjuntura inglesa vivida por Giddens foi parecida com a conjuntura brasileira atual: desilusão com a política, necessidade de uma “nova política” e crescimento da negação da política. Em resumo, a “nova política” de Marina não tem nada de novo. Sua força está na emoção do momento e não na razão de um programa de governo de 4 anos. Para Marina governar, terá que atender contraditoriamente aos interesses de banqueiros e do agronegócio. Assim como a terceira via, a “nova política” de Marina representa emocionalmente o distanciamento de tudo que há de ruim na política. Entretanto na prática, a candidata recebe investimento privado como todos os outros e tem como vice um representante do agronegócio. Inclusive, caso seja eleita e opte por defender suas ideias, terá que enfrentar o seu vice para ser sustentável e frear o agronegócio. Marina é excelente pessoa, assim como há outros candidatos que também são. Todavia, não se trata da pessoa, mas do projeto.Nem o Papa Francisco com toda a sua moral, resolverá a corrupção no Brasil sem reforma política. Até o Papa teria que ter um projeto para o Brasil. Sem reforma política, Marina terá que enfrentar diversos escândalos de corrupção que cairão sob suas costas. Sem partido, sem satisfazer os interesses dos banqueiros, do agronegócio e empresas que a financiaram, devemos ficar atentos para o seu vice que é quem pode acabar terminando o mandato. Qualquer semelhança não será mera coincidência. Fonte: A Terceira Via – Anthony Gidden