sexta-feira, 8 de junho de 2012

É TUDO UM GRANDE ESPETÁCULO

Você já ouviu alguém dizer que “o ano voou” ou ainda, que o tempo está passando rapidamente, como de fato, somos pescadores. Não vivemos mais em comunidades, vivemos numa sociedade globalizada que prega o isolamento na frente da TV, do computador, celular, etc. O tempo destinado ao isolamento é cada vez maior, o tempo destinado ao convívio familiar ou ao bate-papo com os amigos é cada vez menor. O capitalismo seleciona e apenas há espaço para os melhores, o espaço para se apresentar (viver) neste espetáculo globalizado é cada vez menor e o que resta ao sujeito é assistir. Somos espectadores, alienados, contemplando objetos, histórias de vida da ficção ou “reality shows”. Todavia, quanto mais se contempla, menos se vive a própria vida. É por isso que a vida é curta, “o tempo voa” e muitos não compreendem a própria existência, não vivem os próprios desejos e as vidas as passam vazias. Estas multidões solitárias formam o que o filósofo francês Guy Deboard chamou de “sociedade do espetáculo”, uma sociedade em que até as guerras são transmitidas em tempo real pelos canais televisivos. Vivemos em um mundo de espetáculo, de assistir a vitória do time do coração como se fosse uma grande vitória em nossas vidas. Pulamos de alegria, afinal o vilão da novela “se deu mal”. Entretanto, as vidas continuam vazias e fundadas em nossa individualidade, e ainda continuamos pescando. É esta alienação que consome as vidas, quando é que vamos acordar do sono e viver a nossa vida? Quando teremos sentimentos próprios? “Pescar” pode ser um termo utilizado para especificar a extração natural do peixe para consumo, mas também pode ser utilizado para especificar o que realmente somos nas palavras de Falcão: “pescadores de ilusão”.